Treze colônias americanas e formação dos Estados Unidos
Introdução
Os Estados Unidos
não existiam. Quatro séculos de trabalho, de derramamento de sangue, de solidão
e mado criaram esta terra. Construimos a América e o processo nos tornou
americanos - uma nova raça, enraizada em todas as raças, manchada e tingida de
todas as cores, uma aparente anarquia étnica. Então, num tempo pequenissimo,
tornamo-nos mais semelhantes do que eramos diferentes - uma nova sociedade; não
grandiosa, mas propensa, por nossas proprias faltas, à grandeza e plubirus
unum*.
Steinbeck, John
*Plubirus unum:
traduzido do latim significa "de muitos, um". Lema nacional dos Estados Unidos
Janestown, cidade no estado da Virgínia, foi o
primeiro assentamento britânico permanente nas Américas, tendo sido fundado em
1607. Os colonos britânicos esperavam encontrar ouro ou outros metais
preciosos, mas nada encontraram. Ao invés disso, a Virgínia tornou-se uma
colônia agrária, exportando tabaco para o Reino Unido a partir da década de
1610.
O periodo de 1609-1610, mais conhecido como
Starving Time (periodo da fome) foi um periodo dificil para os colonos ingleses
na Virginia. Com pouca agua e dependendo dos nativos para conseguir alimentos,
aproximadamente 440 dos 500 colonos perderam suas vidas durante esse periodo.
Os peregrinos e a Nova Inglaterra
A perseguição religiosa era uma constante na
Inglaterra dos séculos XVI e XVII. A América seria um refugio para esses grupos
religiosos perseguidos. Um dos grupos que chegou a Massachusetts em 1620, a
bordo do navio que o trazia, o Mayflower, firmou um pacto estabellecendo que
seguiriam leis justas e iguais. Esse documento é chamado "Mayflower
Compact" e sempre é lembrado pela historiografia norte-americana como um
marco fundador da ideia de liberdade, ainda que o documento dedique longos
trechos à gloria do rei James da Inglaterra.
Colônias do Norte
As colônias do Norte da costa atlântica
apresentam o clima temperado, semelhante ao europeu. Dificilmente essa area
poderia oferecer algum produto de que a Ingleterra necessitasse. Essa questão
climatica favoreceu o surgumento, unico no universo colonial das Américas, de
um nucleo colonial voltado à policultura, ao mercado interno e não totalmente
condicionado aos interesses metropoitanos.
Nas colônias da Nova Inglaterra (parte norte
das 13 colônias) surge uma prospera produção de navios. Desses estaleiros,
favorecidos pela abundancia de madeira do Nova Mundo, saem grandes quantidades
de navios que seriam usados no chamado comércio triangular.
Comércio Triangular
O comércio triangular pode ser descrito, simplificadamente,
como a compra de cana e melado das Antilhas, que seriam transformados em rum. A
bebida tinha faceis mercados na Africa, para onde era levada por navios da Nova
Inglaterra e trocada, usualmente, por escravos. Esses escravos eram levados para
serem vendidos nas fazendas das Antilhas ou nas colônias do sul. Apos a venda,
os navios voltavam para a Nova Inglaterra com mais melado e cana para a
produção de rum. Era uma atividade altamente lucrativa, entre outros motivos
por garantir que o navio sempre estivesse carregado de produtos para vender em
outro lugar.
Colônias do Sul
As colônias do Sul abrigaram uma economia
diferente das Colônias do Norte. Seu solo e clima eram mais peopicios para uma
colonização voltaa os interesses europeus.
O produto em que a economia sulina se destacou
desde cedo foi o tabaco. A planta implcou permanente expansão agricola por ter
muita demanda, esgotando rapidamente o solo e obrigando a novas areas de
cultivo. O fumo tornou-se um produto fundamental no Sul.
A falta de braços para o tabaco em pouco tempo
impôs o uso de escravos. Esse trabalho escravo cresceu muito lentamente, posto
que a mão de obra branca servil era muito forta no século XVII.
A sociedade sulina que acompanha essa economia
é marcada,como não poderia deixar de ser, por uma grande desigualdade. Como
ressaltou um contemporâneo, Isaac Weld, logo apos a Independência:
“Os principais donos de plantações na Virginia
têm quase tudo que querem em sua propria propriedade. As propriedades grandes
são administradas por escravos... Suas habitações estão geralmente a cem ou
duzentas jardas (90 a 180m) da casa principal, o que da aparência de aldeia às
residências dos donos de plantações na Virginia”.
Lei do Açúcar
A Lei do Açúcar foi
aprovada em 5 de abril de 1764 pelo Parlamento inglês. Essa lei substituía a
Lei do Melaço, reduzindo pela metade os impostos cobrados sobre o melaço, mas
estabelecendo novos impostos adicionais sobre o açucar, e tinha como objetivo
por um fim no contrabando e de proteger
os agricultores ingleses radicados nas Antilhas. Taxava o açúcar que entrava nas
13 colônias e que não fosse comprado das Antilhas inglesas. Sendo matéria-prima
do rum, e este por sua vez, juntamente com o tabaco eram utilizados pelos
colonos para comprar escravos na África, a lei desagradou muito os habitantes da
então colônia inglesa.
O objetivo da lei
do açúcar era incentivar os colonos a consumir somente o açúcar diretamente dos
ingleses. Aumentava os impostos que os colonos deviam pagar sobre o melaço, o
vinho, o café, a seda, roupas brancas, artigos de luxo e o linho em seus
portos.
Lei do Selo
Lei do Chá
Em 1773 foi aprovada a Lei do Chá, que obrigava as
colônias a consumir somente o chá oriundo da Companhia Inglesa das Índias
Orientais. No dia 16 de dezembro de 1773 varios colônos fantasiados de índios
jogaram no mar trezentas caixas de chá tiradas dos porões de um navio ancorado
no porto de Boston. Este fato entrou para a história dos Estados Unidos como a
Festa do Chá de Boston.
Em resposta a Festa do Chá de Boston, a Inglaterra
ocupou militarmente a colônia de Massachusetts, e ampliou sua presença militar
em outras colônias, fechou o porto de Boston, sob a condição de reabri-lo
somente se os colonos ressarcissem o valor do chá que foi jogado ao mar. Essas
ações da Inglaterra foram chamadas de Leis Intoleráveis.
Em repúdio as Leis Intoleráveis, os colonos
reuniram-se no chamado Primeiro Congresso Continental da Filadélfia, onde se
afirmou os direitos dos colonos. Porém foi somente dois anos depois, em 1776,
que os colonos votaram pela emancipação.

Declaração de Independência
O Tratado de Paris
A tentativa militar inglesa de manter o controle sobre as áreas coloniais ainda prosseguiu por sete anos, até o Tratado de Paris, em 1783, que estabelecia a paz entre os dois paises e o reconhecimento britânico da independência da ex-colônia.A Constituição
Em 1787, o Congresso Continental aprovou uma Constituição, de inspiração liberal, que estabelecia um regime presidencialista e reconhecia a divisão e o necessário equilíbrio entre os poderes executivo, judiciário e legislativo.A Ampliação do Território Americano
No princípio do século XIX, o governo norte-americano realizou uma política de compra de terras para ampliar o seu território. Adquiriu quase toda a regiâo sul e as terras que estavam sob controle francês na Louisiana. Entre as décadas de 1820 e 1830, muitos norte-americanos deslocaram-se para a região, que pertencia ao México. Em 1836, chegaram a proclamar a independência dessa região. A autonomia durou nove anos e encerrou-se com a anexação do Texas aos Estados Unidos.A Guerra contra o México
O México reagiu ao avanço norte-americano, e os países foram à guerra em 1846. O conflito durou dois anos e encerrou-se com a derrota do México. Os Estados Unidos incorporaram a Califórnia, e una faixa. Partes de Wyoming, Colorado, Novo México e Arizona. Cinco anos depois, os Estados Unidos ainda compraram, do México, mais terras e ampliaram os estados do Arizona e do Novo México.O Sul contra o Norte
Havia muitas divergências entre os estados do norte e do sul. O norte desejava implementar uma política econômica que assegurasse a manutenção e a ampliação do mercado interno. Pretendia, assim, ampliar o consumo de seus produtos dentro dos Estados Unidos.
O sul dependia dos manufaturados e industrializados vindos da Europa, que garantiam o abastecimento da região e mantinham o preço mais baixo em virtude da concorrência com os produtos gerados nos estados do norte.
O Federalismo
O
federalismo permitia, pela ampla autonomia que oferecia aos estados, a
manutenção de posturas muito diferentes e dava a eles o direito de definir a
legalidade ou não da utilização da mão de obra escrava. A disposição
federalista incluía ainda um esforço para manter o equilíbrio, no Congresso,
entre representantes de estados escravistas e de estados abolicionistas.
Nas
eleições de 1860, o candidato abolicionista Abraham Lincoln foi eleito
presidente ao obter 40% dos votos.
A Guerra de Secessão
A
Carolina do Sul foi o primeiro estado a deixar a União. Quatro estados sulistas
[Alabama, Geórgia, Louisiana, e Mississipi] e o Texas aderiram à secessão e
anunciaram a criação de um novo país. Sob presidência de Jefferson Davis. Os
Estados Confederados do Sul formalizaram a secessão e ganharam o apoio da
Carolina do Norte, Virgínia, Flórida, Arkansas e Tennessee.
O
norte reagiu para impedir a divisão e iniciou a guerra. Luta entre ianques
[norte] e confederados [sul], ficou conhecida como Guerra de Secessão. O
conflito mostrou, pelo menos na sua primeira metade, o equilíbrio militar entre
os dois lados.
Os
ianques venceram a Batalha de Gettysburg e bloquearam portos importantes do
sul, o que dificultou a exportação do algodão sulista e impediu a entrada de
apoio estrangeiro para os confederados. A guerra, no entanto, prosseguiu por
mais dois anos, até a rendição das tropas confederadas em abril de 1865. O final da guerra deixou mais de meio milhão de
mortos.
A conquista do Oeste foi dada pela descoberta
do ouro na California. Além ambição e o
interesse econômico também existia o Destino Manifesto, um arrebatador apelo
religioso que legitimava os conflitos e massacres que marcaram esse episódio na
história norte-americana.
O rapido esgotamento
das minas, no entanto, levou o governo norte-americano a tomar uma nova medida
para garantir a ocupação do Oeste. A lei do Homestead Act, decretada em 1862,
estabelecia a concessão de terras, a preços bastante baixos, a todos aqueles
que estabeleciam na região.
Em 1870 criou-se a
15 emenda, que garantia os mesmos direitos políticos
e cívicos aos negros. O respeito à lei e o reconhecimento da igualdade,
no entanto não ocorriam. Em diversos estados, princialmente do Sul, leis específicas proibiam que negros frequentassem os mesmos
restaurantes e bares que os brancos, que andassem pela mesmas calçadas ou
utilizassem os mesmos meios de transporte público.
Sob o discurso da
igualdade e da democracia, os Estados Unidos completavam sua formação nacional
sob a marca do racismo e da intolerância. A desigualdade de fato e a crença
numa superioridade do branco à igualdade jurídica
e abriam espaço para o surgimento de grupos de defesa da “supremacia branca".
Ku Klux Klan
Organização racista
formada em 1868 por ex-confederados. Seus partidários,
que se apresentam sempre de branco e encapuzados, atacavam inicialmente negros
e seus defensores. No decorrer do século XX, a Klan passou a atacar também
judeus, católicos e homossexuais. Desde 1869, a organização atua na
clandestinidade.
m dezembro de 1823,
o presidente James Monroe, em sua mensagem anual ao Congresso, destacou a
proximidade dos Estados Unidos com os demais países
da América. Conhecida como Doutrina Monroe, a declaração apontava a necessária
aliança entre os países da América e afirmavam a autonomia dos países
americanos. Em outras palavras, a Doutrina Monroe, pelo menos quando foi
lançada, teve sentido defensivo contra a tentativa de avanço europeu.
Os passos seguintes
na expansão norte-americana tiveram como alvo Cuba, então colônia da Espanha.
Os Estados Unidos se interferiram na indepêndencia de Cuba em 1898, auxiliando
assim os cubanos a obter a emancipação política.
Cuba tornou-se assim oficialmente autônoma, porém as tropas norte-americanas
continuaram no território.
Para Roosevelt, a
Doutrina Monroe equivalia a uma declaração norte-americana de que os Estados
Unidos deveriam agir sempre que os países
vizinhos violassem os direitos norte-americanos ou fossem incapazes de manter o
controle político e militar interno.
A
política intervencionista de Roosevelt na América combinava ações diplomáticas
e militares, ganhando apelido de Big Stick (Grande Porrete).
Fontes:
-História dos Estados Unidos; Luiz Estevam Fernandes, Marcus
Vinícius de Morais,Sean Purdy; Editora
Contexto
-História Conexões; Editora Moderna Plus